Se você atua na produção canavieira, provavelmente sabe tudo relacionado à cana-de-açúcar: pelo menos tudo sobre seu plantio, propriedades, colheita ou comercialização. Mas e sua história, você conhece?
A trajetória da cana-de-açúcar na história é marcada por inúmeras disputas entre nações. Sua origem vem das áreas mais tropicais da Ásia, sul e sudoeste, mas a planta se adaptou perfeitamente ao clima brasileiro, que logo se tornou monopólio mundial.
Mas após inúmeras invasões, guerras, aumento da concorrência e das novas tecnologias, o protagonismo na produção foi passando por vários países, até retornar novamente o Brasil. Hoje o país é considerado o maior produtor de cana-de-açúcar no mundo, através de um crescente plantio mais sustentável e com a utilização de praticamente todos os componentes da planta.
A cana-de-açúcar pelo mundo
A notícia mais remota do primeiro contato do homem com a cana-de-açúcar foi na Nova Guiné, que logo seguiu para a Índia de onde ganhou o nome e começou a se tornar conhecida e utilizada para diversos fins.
Grandes generais de guerra extraíam o açúcar do seu caule para alimentar a tropa e proporcionar energia, enquanto os árabes a levaram para o Egito e os países que são banhados pelo Mar Mediterrâneo.
Inclusive, os Egípcios utilizaram seu conhecimento para clarificar o caldo extraído do caule da planta, o transformando no melhor açúcar da época.
A nobreza, tanto do Egito quanto de toda a Europa, consumia esse açúcar em grande quantidade, apesar de ser um produto considerado muito caro para a época e até mesmo incluído em testamentos.
A cana-de-açúcar começou a ser produzida na Europa, através de Portugal, na Ilha da Madeira, visando expandir o seu comércio e abastecer sua demanda sem a cobrança altíssima dos outros produtores.
Era o período das grandes navegações, o que levou o navegante Cristóvão Colombo a inserir o plantio no recém descoberto Continente Americano, influenciado pelo seu sogro, um grande produtor da Ilha da Madeira.
Porém, o cultivo não teve vida longa já que o foco dos espanhóis era o ouro das civilizações indígenas do local.
A primeira informação oficial sobre a plantação da cana-de-açúcar no Brasil foi em 1532, através de Martim Affonso de Souza. Interessado em estimular a produção na sua Capitania de São Vicente, logo a produção agrícola do Nordeste abraçou a planta e multiplicou a criação de novos engenhos na região.
Demorou apenas cerca de 50 anos para o Brasil se tornar o maior importador de açúcar do mundo. Quem comercializava a produção era Portugal e, também, a Holanda, obtendo um excelente lucro com o produto pela Europa.
Mesmo ainda caro, os europeus viviam um momento de fartura econômica com a vinda de ouro e prata da América Central, mas ela também passou incentivar a produção nessas regiões, multiplicando a criação de refinarias locais e ampliando a concorrência com o Brasil.
Para piorar, a Holanda, em colapso financeiro após invadir Pernambuco e ser expulsa pelos portugueses, decidiu investir no plantio da cana-de-açúcar na região do Caribe.
Dessa forma, o Brasil perdeu uma grande margem nas exportações e, também, o temporário monopólio. Até que a descoberta do ouro em Minas Gerais acabou de vez com a prioridade na produção de açúcar.
Um produto que se repaginou
Após ser motivo de invasões de terras e combate comercial entre países da América e Europa, a tecnologia da Revolução Industrial aliada ao fim da escravatura, levaram a produção de cana-de-açúcar a um novo patamar. Modernas fábricas eram criadas, ofuscando e levando a falência os antigos produtores e engenhos.
No Brasil Imperial de D. Pedro II, a produção de açúcar voltou a ser incentivada, usando tanto o plantio nacional quanto de outros fornecedores.
A maior parte das indústrias ficaram centralizadas em São Paulo e em todo o Nordeste, que conseguiram se destacar no mercado mundial novamente após a Primeira Grande Guerra Mundial e a destruição das indústrias europeias.
Os imigrantes italianos que vieram para o Brasil no fim do século XIX, especialmente para o cultivo do café, iniciaram o plantio da cana-de-açúcar para a produção da cachaça.
Junto a expansão do plantio de cana em detrimento ao de café, a região de São Paulo se tornou centro da produção de açúcar no Brasil, que disputava com Pernambuco e Alagoas como líder em exportação.
A cana-de-açúcar hoje no Brasil
A Copersucar, cooperativa criada em 1959 por produtores paulistas, incentivou a modernização das usinas e a vinda de outras variedades de cana, que fossem mais resistentes a pragas. O resultado positivo trouxe aumento no peço do açúcar e o aumento recorde de importação.
Já na década de 1970, iniciaram os incentivos para a produção de etanol, biocombustível usado para driblar a crise petrolífera mundial.
Naquele momento, os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná se destacaram na produção e juntos atingiram a marca de bilhões de litros produzidos e comercializados.
Hoje, mesmo com a globalização a indústria do açúcar e álcool continuam em expansão no Brasil, despontando como principal produtor do mundo. O avanço da produção inclui até mesmo a geração de eletricidade, em busca de novos produtos para a utilização da cana.
Fontes Consultadas:
http://oagronomico.iac.sp.gov.br/
https://www.istoedinheiro.com.br/o-combustivel-que-mudou-nossa-historia/
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