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Caracterização e Mapeamento de Solos

Mapeamento de Solos

Caracterizar os solos de uma propriedade agrícola implica em estudar detalhadamente todos os solos que ocorrem na área, analisando os perfis quanto à morfologia e amostrando seus horizontes, para realização das análises físicas, físico-hídricas e químicas, desde a superfície até a profundidade de 150 a 200 cm.

O resultado do trabalho é utilizado para a definição dos ambientes de produção e unidades de manejo, as quais subsidiam todo o planejamento agrícola, ou seja, as opções e épocas de preparo do solo, épocas de plantio, blocos de colheita e variedades, além de fundamentar os projetos de sistematização.

Distribuição dos solos na paisagem

 

Através da descrição morfológica feita a campo identificam-se os horizontes diagnósticos subsuperficiais, fundamentando a classificação dos perfis de solos.

 

Áreas com distintos níveis de hidratação dos óxidos de ferro, fundamentando o enquadramento dos perfis de solos em diferentes classes.

 

Comparação dos perfis, classificados de acordo com a coloração do horizonte Bw.

 

Na análise morfológica são identificados os horizontes do solo, suas cores e espessuras, a consistência, o tipo e grau da estrutura (“arquitetura”) e a presença e profundidade da compactação, estimando-se a velocidade de infiltração de água e a resistência dos agregados e do perfil do solo à erosão. Durante a realização da descrição morfológica dos perfis, pode ser visualizado o alcance do preparo do solo quanto às características físicas e químicas, além da distribuição do sistema radicular das distintas variedades adotadas.

Neossolo Quartzarênico com estrutura granular fraca no horizonte A e grãos simples no horizonte C.

 

Nitossolo Vermelho eutroférrico com estrutura granular, grande e forte no horizonte A e com blocos angulares, grandes e fortes no horizonte Bnítico.

 

Torrões (pseudo agregados) resultantes do cultivo mecânico de área extremamente compactada

 

Forte compactação no perfil de um Latossolo Vermelho férrico muito argiloso. Fissuras resultantes da desidratação do perfil. Superfície brilhante dos torrões compactados e achatamento de raízes.

 

Profundidade de alcance da compactação considerando as linhas e entrelinhas da cultura da cana-de-açúcar. Os valores de densidade na zona compactada situam-se ao redor de 1,45 kg/dm3, enquanto que abaixo desta situam-se ao redor de 1,25 kg/dm3.

 

Impacto da colheita mecanizada, com distintos níveis de umidade no solo, resultantes de três volumes pluviométricos simulados na densidade do solo e na produtividade da safra seguinte.

 

Perfis de solos com compactação, implicando em severa redução da infiltração de água e no incremento da erosão.

 

Distintos comprimentos do sistema radicular (L1 e L2) em função de diferentes históricos da pré-instalação da cultura canavieira.

 

Avaliação do efeito de distintas opções de preparo do solo possibilitada pela morfologia

 

Através de análises laboratoriais determina-se a porcentagem de argila, silte e areia (subdividida em várias subfrações), enquadradas como análises físicas.

Extremamente importantes são as determinações físico-hídricas, ou seja, a elaboração da curva de retenção de água, definindo-se a quantidade de água na capacidade de campo e no ponto de murcha permanente (capacidade de água disponível), obtendo-se através de cálculos a microporosidade, macroporosidade, porosidade total e densidade do solo e das partículas.

Conteúdos de água (mm) em perfis representativos de unidades de manejo de solos (100 cm de profundidade), classificada como: retida, de drenagem e disponível.

 

Quanto às análises químicas, são determinados: matéria orgânica, fósforo, enxofre, pH em água, pH em KCl, cálcio, magnésio, potássio, sódio, alumínio e acidez potencial, calculando-se a capacidade de troca de cátions, a soma e saturação por bases e a saturação por alumínio.

Considerando parâmetros interpretativos de distintas unidades de solos em interação com o clima, são definidos os “ambientes de produção” e as unidades de manejo, estas com a junção de solos semelhantes. Com base nas unidades de manejo de solos define-se todo o planejamento para as áreas, uma vez que para cada unidade são considerados suas restrições e seus potenciais.

Mapeamento de 8 unidades taxonômicas de solos, enquadramento em 6 unidades de manejo e em 4 ambientes de produção. Todo o planejamento é feito com base nas unidades de manejo.

 

Os parâmetros de manejo específicos para cada unidade a serem considerados são:

  • ◾ Tipo de preparo do solo (aração, subsolagem, plantio direto), profundidade do preparo e época a ser realizado.
  • ◾ Tipos e doses de corretivos: calcário, gesso, fosfato (solúvel ou parcialmente solúvel).
  • ◾ Posicionamento da malha viária; sistema de conservação do solo (com ou sem terraceamento); terraceamento embutido ou de base larga (de infiltração ou drenagem); tipo de cobertura vegetal; mapa de sulcação; pontos de transbordamento de carga, etc.
  • ◾ Época de plantio (cronograma de plantio x variedades) e época de colheita x variedades por blocos de colheita, considerando as características topográficas do terreno, o teor de argila (potencial de compactação), os valores de CAD e a opção de sulcação (reta, em arco, em nível).
  • ◾ Doses e fontes de fertilizantes no plantio e em soqueiras (sem ou com parcelamento, em função das características químicas e da época de corte).

Quanto à apresentação da caracterização e do mapeamento dos solos, elaboração dos mapas de ambientes de produção, definição das unidades de manejo e elaboração de seu mapeamento, os resultados são trabalhados em figuras e tabelas, de forma a facilitar sua compreensão e utilização no planejamento e na execução das atividades agrícolas. Para exemplificar, a seguir são apresentados gráficos e tabelas com interpretações e recomendações resumidas.

 No argissolo (PV), com maior água disponível, a média de três safras em TAH é de 2 t/ha superior ao latossolo (LV), com menor água disponível para a colheita realizada em novembro (mês de maior déficit hídrico). Para a safra realizada em julho (mês de menor déficit hídrico) não há diferença no resultado.

 

 

 

Os gráficos A, B e C evidenciam as correlações entre V%, CTC efetiva e CTC potencial (pH = 7) em quatro unidades de manejo constituídas por latossolos vermelhos férricos. Os gráficos D, E e F contêm a distribuição dos teores de argila de diversos grupamentos de classes de solos.

 

 

Épocas de colheita considerando-se: riscos de compactação na linha da cultura, complexidade da sistematização e potencial de produção das unidades de manejo de solo (CAD)

Unidades de

Manejo

Meses do Ano

Risco de

Erosão

Jan/Fev

Mar/Abr

Mai/Jun

Jul/Ago

Set/Out

Nov/Dez

PVe ar/md

 

 

X

X

X

 

Alto

PVd ar/md

 

 

X

X

 

 

PVe A ar/md

 

X

 

 

X

X

Médio

PVd A ar/md

 

X

X

 

X

X

LVPe md

 

X

 

 

X

X

Baixo

LVPd md

 

 

X

X

X

X

LVef arg

 

X

 

 

X

X

Baixo

LVmf arg

 

X

X

X

X

 

LV (df + acrf) arg

 

 

X

X

 

 

LVe md-arg

 

X

X

 

X

X

Médio/Baixo

LVd md-arg

 

 

X

X

 

 

Sistematização

Simples

Complexa

Simples

 

Relevo